Os diáconos fazem parte do clero e podem ser casados



Os diáconos fazem parte do clero e podem ser casados

Você sabia que alguém casado pode fazer parte do clero? Se não, fique tranquilo. Há pouco tempo, nossas comunidades estão redescobrindo esse grande sinal concreto do amor de Deus na Igreja, o diaconato permanente, restaurado pelo Vaticano II. O que muitos não sabem é que os diáconos já existiam no tempo dos apóstolos e tinham uma função bem específica, diferente do sacerdote e do bispo, mas também participam do sacramento da ordem.

Diaconato, sinal do amor da Igreja primitiva

Estamos antes do ano 40 da era cristã. No meio da comunidade primitiva, surge um grave problema de ordem social: as viúvas estão abandonadas e passam fome. Os Doze, conscientes de sua missão na liturgia e na pregação, sabem que a caridade não pode ser somente pregada, mas deve ser vivida.

Por isso, instituem um grupo de homens sábios e piedosos, que devem ser responsáveis por servir, cuidar e ajudar (no grego, diakonéo) os que mais necessitam (At 6,1-6). Conhecemos bem a história de um desses primeiros diáconos: Santo Estevão (At 6,8–7,60), que é perseguido e mostra que sua inclinação para a caridade o leva a doar sua própria vida pelo Evangelho.

Esses homens são uma encantadora inspiração da Igreja primitiva, como sinal concreto do amor de Deus. São uma prova concreta de que a caridade corria no sangue e estava impressa na alma dos primeiros cristãos. Estão tão presentes nas primeiras comunidades, que, constantemente, aparecem nas cartas de Paulo, que chega a apresentar as qualidades e virtudes dos diáconos na Primeira carta a Timóteo (1Tm 3,8-13).

Santo Inácio de Antioquia reconhece a necessidade do diaconato no Período Apostólico, dizendo que é impensável uma Igreja particular sem bispo, presbítero e diácono (Epist. ad Philadelphenses, 4). O trabalho incansável pela caridade é uma marca da Igreja primitiva, impressa no trabalho do diácono, que é elencado junto com as outras duas funções hierárquicas. Logo, entende-se que, no sacramento da ordem, há três graus: o episcopado, o presbiterado e o diaconato.

Depois do séc. V, o diaconato, como trabalho permanente de caridade, vai sendo extinguido. Aos poucos, é transformado somente em um passo anterior ao sacerdócio, ou seja, antes da ordenação sacerdotal, o candidato tornava-se diácono. Porém, na renovação eclesial feita pelo Concílio Vaticano II, o Espírito inspira a Igreja a voltar a suas fontes bíblicas e patrísticas. Ao revisitar a Igreja primitiva, o Vaticano II resgata o diaconato permanente em nossas comunidades, lembrando que é parte fundamental da nossa ação comunitária!

O que faz um diácono?

Hoje, na ordenação do diácono, ele pode ser já casado ou celibatário, condição que deve manter depois de sua ordenação. Sua função é auxiliar o bispo no serviço da caridade, sendo também ele um clérigo (Código de Direito Canônico, 266). É daí que vem também sua função litúrgica, pois recebe os dons da comunidade e oferece aos que mais necessitam, trazendo as necessidades deles para a oração da assembleia. Seu ministério de caridade não é assistencialismo, por isso também evangeliza pela pregação da Palavra.

O que o Catecismo da Igreja Católica ensina sobre as funções do diácono. Veja só: “Cabe aos diáconos, entre outros serviços, assistir o Bispo e os padres na celebração dos divinos mistérios, sobretudo a Eucaristia; distribuir a Comunhão; assistir ao matrimônio e abençoá-lo, proclamar o Evangelho e pregar, presidir os funerais e consagrar-se aos diversos serviços da caridade” (Catecismo da Igreja Católica, 1570).

Diferente do sacerdote, não podem fazer a consagração do pão e do vinho, não absolvem os pecados nem administram a unção dos enfermos.

É comum encontrar os diáconos nas comunidades bem ocupados. Fazem o serviço de caridade, estão nas ações litúrgicas da Igreja – até em Missas presididas pelo Papa, eles proclamam o Evangelho –, presidem os sacramentais. Eles, continuamente, lembram a Igreja que o Reino de Deus é formado por atitudes de amor concretas dentro das comunidades! Sem a caridade vivida, a evangelização torna-se discurso vazio.

Finalmente, se você se pergunta se tem o chamado para o diaconato, conheça um pouco mais sobre o assunto (tem dicas de leitura abaixo!). E não perca tempo: procure, em sua diocese, o responsável pelo diaconato permanente para fazer um caminho de discernimento.

Para conhecer mais
Textos bíblicos: At 6,1-6; 1Tm 3,8-13; Fl 1,1.
Catecismo da Igreja Católica: 886, 896, 1256, 1538, 1554, 1569-1574, 1588, 1596.
Código de Direito Canônico: 266, 232-264; 265-272, 273-289, 290-293, 1016, 1030-1040, 1168- 1169.
Congregação para a Educação Católica e Congregação para o clero. Normas fundamentais para a formação dos diáconos permanentes e Diretório do ministério e da vida dos diáconos permanentes
CNBB. Diretrizes para o diaconato permanente da Igreja no Brasil (Documento 96).

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